Minha formação começou em 1997 quando comecei o técnico de processamento de dados. Eu queria fazer faculdade de análise de sistemas na época, mas no meio do caminho eu descobri o web Design, consegui meu primeiro estágio e abandonei o técnico pra entrar na faculdade de Design Gráfico.

Em 2003 fui morar no interior de São Paulo, onde eu consegui deixar o web design um pouco de lado por um tempo pra trabalhar com identidades visuais e design gráfico como freela numa agência de publicidade. Nesse tempo eu comecei a me interessar cada vez mais por tipografia.

Em 2008 voltei para São Paulo e pude fazer o primeiro curso de caligrafia com a mestra Andréa Branco… Daí em diante eu continuei estudando e fazendo cursos e workshops, dividindo meu tempo entre o emprego de designer de interface e a caligrafia.

Sentei à mesa e escrevi num pedaço de papel o que seria o primeiro conselho: “Comece em qualquer lugar, agora.”

Ano passado eu ainda estava trabalhando como designer de interface e UX pra alguns clientes, mas continuava dividido entre o que eu tinha experiência (design digital) e o que eu gostaria de fazer (lettering e caligrafia). Até que um dia, depois de conversar muito com a minha esposa (que foi e é essencial nesse processo), eu decidi “chutar o balde” e cair de cabeça na vida do desenho de letras.

Depois dessa decisão, eu precisava de um portfolio pra mostrar o que eu sabia fazer e, claro, precisava transformar o que era um hobby até então em uma prática diária. Uma coisa levou à outra e um dia eu acordei, sentei à mesa e escrevi num pedaço de papel o que seria o primeiro conselho: “Comece em qualquer lugar, agora”.

Montei o Tumblr, dei o nome de ”Daily Advice for a creative life”, desenhei o logo e nisso já se foram 240 e tantos dias…

”Ignore os críticos.”

Quanto tempo você leva em média pra fazer um conselho? Como você chega até ele?

São conselhos pra mim antes de tudo.

Austin Kleon fala no livro “Roube como um artista” que “todo conselho é autobiográfico”, como se você estivesse falando com o “você mesmo do passado”… Eu gosto bastante desse conceito. Além disso, criatividade sempre foi um assunto que me interessou muito e, sem querer, eu fui colecionando dicas e conselhos relacionados a esse assunto por aí.

Uma dessas fontes que sempre me inspirou foi o “Manifesto incompleto para crescimento”, do Bruce Mau. Além disso, hoje em dia existem dezenas de sites, blogs e livros sobre o assunto. Fonte não falta. Além dos que saem da minha cabeça enquanto eu estou lavando a louça ou brincando com os cachorros…

Difícil as vezes é a seleção, mas como eu disse antes, a seleção também é autobiográfica. São conselhos pra mim antes de tudo.

Quanto ao tempo, varia muito. Alguns levam menos de 30 minutos entre a ideia e o post. Outros acabam demorando horas rascunhando. Alguns exigem mais tempo por conta da técnica ou do tamanho que eu faço, como os que eu fiz na lousa.

O que levou mais tempo acho que foi o número 23… Um 3 dias entre o rascunho e a fotografia. Como a ideia do projeto é a experimentação, eu tento o máximo possível não repetir técnicas e estilos.  

Conselho 23.

Você segue alguma rotina?

Eu tento ter rotina, mas é difícil… Eu sempre levo um ou mais cadernos na mochila e sempre que consigo eu desenho alguma coisa, principalmente no metrô. Mas quase nunca uso o sketchbook pra pensar nos conselhos.

Ao invés disso eu considero o caderno um lugar pra errar, fazer letras feias e tremidas por causa do metrô e, às vezes, consigo uns rabiscos que acabam sendo aproveitados. Mas a única rotina mesmo, por enquanto, é fazer pelo menos um conselho por dia.

“Faça parte de uma comunidade.”

Muitos conselhos foram escritos até hoje. Tem algum que é mais especial pra você?

O primeiro ainda é muito especial. Começar é, talvez, o passo mais difícil e mais importante pra qualquer coisa que você fizer. E não existe uma hora ou lugar ideal pra isso.
Então, começar onde você estiver (na vida, na carreira, geograficamente, etc…) é o conselho mais importante que eu tenho pra mim mesmo.

Quais são as técnicas que você usa pra ilustrar? E os programas que você mais usa?

Todos (exceto um) começaram no papel. Eu uso lápis, canetas, penas e canetas de caligrafia, tinta nanquim, guache… o que tiver. Técnicas são basicamente duas, a caligrafia e o lettering.

A maioria dos conselhos são feitos em preto e branco em uma folha A5. Depois de pronto eu escaneio ou fotografo e no Photoshop eu posso acertar algumas coisas como alinhamento ou proporções, ao invés de redesenhar até ficar “perfeito”. As cores também são colocadas (na maioria das vezes) no Photoshop mesmo.

Alguns poucos conselhos foram vetorizados no Illustrator. Só um até hoje foi feito do começo ao fim no computador, mas não gostei do resultado (está publicado mesmo assim…). Faz parte do processo do Daily Advice.

”Escolha sua própria aventura.”

Qual a diferença entre lettering e caligrafia? Existe uma ”fórmula” a ser seguida?

A caligrafia diz respeito à escrita. É um estudo de técnica e também de história. O lettering tem mais a ver com a ilustração.