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25-07-14

#cutetalk com a ilustradora Clara Gavilan

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Clara fala sobre como é trabalhar como ilustradora de livros infantis. Conta experiências, dá dicas e muito mais. Confira!

Dona de traços suaves, fofos e harmônicos, Clara Gavilan é uma ilustradora e designer nascida em Niterói, Rio de Janeiro. Formada pela PUC Rio, seus desenhos lindos estão espalhados por diversos livros infantis, e foi num deles que conheci seu trabalho.

Clara ilustrou o fofo ”Besouro e Prata”, de Ana Maria Machado; criou sua própria historinha, chamada ”O outro lado”, além de ter feito estampas para gigantes como a Renner.
Nesse #cutetalk ela fala sobre seu trabalho, sobre o tempo que passou estudando em Barcelona e dá dicas para quem quer trabalhar com ilustração. Confira!

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Você é formada em Design. Sempre quis trabalhar com ilustração?

Na escola eu era a menina da turma que desenhava, a que gostava da aula de arte, a que desenhou a camisa da turma… Como não tem faculdade de ilustração no Rio de Janeiro eu fui fazer Design, porque um amigo estudava e tinha me contado maravilhas a respeito. E como quase todos os estudantes de Design, eu entrei na faculdade porque gostava de criar e desenhar. Eu sempre sonhei em trabalhar com ilustração, mas sempre me pareceu algo muito distante.

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Como surgiu a oportunidade de ilustrar o primeiro livro infantil?

Eu já estava com o meu escritório pegando trabalhos de design e ilustração e sem ter a menor ideia de como me apresentar às editoras. Os meus pais (grandes incentivadores, como sempre) comentavam com todo mundo que a filha queria trabalhar com livro infantil…

Aí o osteopata da minha mãe conhecia a Patricia Valverde, que trabalha na Record e adorou meu trabalho e falou com a amigona dela, a Camila Perlingeiro, da Editora Memória Visual, que me chamou para o meu primeiro trabalho. Sou muito grata a todos eles.

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Depois da faculdade, você estudou em Madrid e em Barcelona. Quais foram os principais aprendizados que você adquiriu fora do Brasil?  Notou alguma diferença entre os ilustradores de lá e daqui?

“OK, mas eu já sei que quero ser ilustradora de livro infantil! Por onde eu começo?!”

Os dois cursos foram tão enriquecedores que é difícil citar algum aprendizado específico… Era muito impressionante ter aula com esses super profissionais da área, e ver que eles viviam de ilustração.

Acho que a grande diferença é que na Espanha (como em outros países) o mercado de ilustração é muito consolidado. É uma profissão conhecida e reconhecida. Todos os ilustradores conhecem seus direitos. Tem muito curso superior de formação, existe muita troca de conhecimento e experiência.

Aqui no Brasil a gente fica meio perdido… Ainda existe um medo de passar o conhecimento para o mais jovem e perder mercado. Não tem faculdade, aí você tentar descobrir como os grandes começaram e a maioria era designer ou arquiteto, então você fica mais perdido ainda.

Eu lembro que quando descobri que o Odilon Moraes era arquiteto antes de trabalhar como ilustrador dizer: “OK, mas eu já sei que quero ser ilustradora de livro infantil! Por onde eu começo?!”

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4. Como é a vida de ilustradora? Você segue alguma rotina? É uma profissão incerta?

“Sou uma chefe bem chata, mas é necessário quando se trabalha em casa…”

É um trabalho como outro qualquer: tem que ralar muito. Tem dia que você está de saco cheio e tem dia que você está super empolgada, mas os prazos continuam ali, então não existe essa de ”vou esperar a inspiração chegar”.

Eu sou muito “caxias” com trabalho. Tenho um espaço na casa separado para isso. Tenho uma rotina: acordo, tomo café, troco de roupa, trabalho, tiro meu horário de almoço e volto a trabalhar. Sou uma chefe bem chata, mas é necessário quando se trabalha em casa e não tem ninguém te vigiando. Sempre procuro me organizar para não deixar para última hora e ter que trabalhar no fim de semana, ou virar noite.

É incerto como é para qualquer profissional liberal. Os meus pais têm consultório médico, e desde pequena via eles se organizando nos meses com menos trabalho, para poder tirar férias e não perder muito dinheiro. Acho que uma dica boa é sempre ter o salário para pelo menos 6 meses… Se um mês não aparece nada eu tento não ficar muito nervosa – ou se aparece um projeto muito legal que pague menos, que ele não pese tanto no bolso. Assim posso pagar as contas com tranquilidade.

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Quais são seus ilustradores preferidos?

Elena Odriozola, Oliver Jeffers e Odilon Moraes.

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Poderia dar 3 dicas para quem quer trabalhar com ilustração?

Estude muito. Prepare um bom portfolio. Sempre divulgue o trabalho. Nunca deixe de querer melhorar. Seja organizado e respeite o prazo (os editores se conhecem… e eles não gostam de ilustrador desorganizado). Ops! Foram mais de 3…

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No seu blog você faz  tirinhas com seus próprios personagens. Foram inspirados por alguém que você conhece?

As tirinhas foram resultado dessa solidão no trabalho. No começo, passar o dia sem falar com ninguém me enlouquecia! Comecei a colocar a ideias e situações do dia nas tirinhas.. Os personagens muitas vezes são uma representação de mim e de meus amigos.

Minha família sempre sabe o que está acontecendo comigo pelo blog… Perguntam “você está resfriada de novo?” (risos)

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Pra fechar: como surgiu a ideia do fofinho livro ”O outro lado”?

Ah! Eu tenho muito carinho por esse livrinho. Ele foi um projeto da minha pós graduação em Barcelona. A aula era de livros de 0 a 2 anos, e precisávamos fazer um livro acordeon com o tema arco-íris. A primeira coisa que me veio a cabeça foi a lenda de que se você passar por debaixo do arco-íris muda de sexo… E pra minha surpresa, descobri que só eu sabia daquilo no curso. Eu achava que era universal. Quase me convenceram de que eu tinha inventado. (risos)

Veja algumas tirinhas de Clara:

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Para ver mais trabalhos de Clara acesse seu site oficial e sua fanpage no Facebook.