08-05-15

Uma carta às mães tecnológicas com mais de 50

Mãe, um recado pra você que hoje está lendo este post na internet, ou recebendo de alguém no Facebook.

Este post está escrito em primeira pessoa diretamente para você, mãe. Porque tenho certeza que assim como eu, muitas pessoas gostariam de dizer algumas verdades sobre a forma como você encara a tecnologia. Mas fica tranquila, não é bronca, não.

Senta aí e leia com carinho este recado pra você.

1. Eu não sei de tudo. Era tudo culpa do Google.

Eu sei que a internet teve muito mais cara de novidade pra você do que pra mim. Entendo também que quando você tem uma dúvida, enquanto eu nem considero “buscar no Google” uma opção (porque já faz parte do meu piloto automático), você tem outras opções diferentes, como ligar pra alguém.

Nem sempre “buscar no Google” é a primeira ideia pra você. Aliás você cresceu conversando com pessoas mais experientes e aprendendo com preciosos livros. Por isso, se eu der aquela resposta malcriada “oras, já procurou na internet?”, peço desculpas por desconsiderar o seu pensamento mais socialmente correto de me ligar pra perguntar.

Saiba que quando eu finalmente ligo de volta e respondo sua dúvida, provavelmente foi o Google que me informou primeiro.

Infelizmente eu não sei tudo, mãe. Lamento te decepcionar.

 2. Eu não te amo menos por causa do WhatsApp

Mais febril do que a chegada da internet pra você, foram esses smartphones. Aparelhinhos pequenos, amigáveis e tão inofensivos… Uma interface fácil de mexer, com internet móvel e o melhor, com a possibilidade de conversar o dia todo com quem você ama. É demais.

Só que o WhatsApp é diferente do telefone. Nem sempre as pessoas “param” pra dar completa atenção umas às outras. No fundo, é uma ferramenta móvel de comunicação. Um SMS evoluído, talvez… Enquanto você manda sua mensagem pra mim, posso estar no ônibus. Enquanto eu digito de volta, às vezes estou na fila do mercado. Mas quando estou frente a frente com você, mãe, aí sim a atenção é toda sua. Não existe nada igual.

Não fique triste se eu não responder seus recados de “bom dia” ou se eu não vir todos os vídeos enviados com recados fofos. Eu não deixei de te amar. É só o jeito de lidar com a ferramenta que é diferente. Aliás, o WhatsApp é só uma ferramenta. Bom lembrar.

3. Larga esse celular, menina

Agora sim é uma bronca. Veja só: parece que depois que esses brinquedinhos smartfônicos surgiram, você resolveu compensar todo o tempo em que nada disso existia antes.

Oras, quero te dar um puxão de orelha: quando estivermos juntas, larga esse celular um pouco. Nada de ficar dividindo atenção com WhatsApp, ou ficar rolando nesse Facebook eternamente. Você não fica me mandando recado dizendo que me ama? Então, cheguei e tô ao vivo na sua frente. Cadê minha atenção, ué?

(Posso bater o pezinho no chão e fazer bico também se você quiser…)

4. Não me venha dizendo que não consegue realizar sonhos

Sabe mãe, sinceramente? Essa tecnologia é muito legal. Ver você lidando com isso tudo, cada dia com mais intimidade, é de dar orgulho. Quem diria que você, que tinha medo das novidades eletrônicas, tiraria isso de letra? Você é muito mais inteligente que eu, que praticamente cresci com bits e bytes me ajudando a pensar. Por isso, não gosto de ouvir você dizendo que não consegue aprender isso ou aquilo. Ou que está velha demais pras modernidades.

Olhe pra trás e veja o que você faz hoje. O que você aprendeu. O que você absorveu. Você mudou o seu pensamento, de analógico pra digital. E qualquer dificuldade em lidar com essas linguagens, ou um novo desafio, não chegam aos pés dessa mudança radical de pensamento que você precisou fazer e nem sentiu que foi tão drástica assim.

Então, não me diga que você não consegue aprender, sonhar e realizar seus sonhos. Pois você fez muito mais do que eu ou qualquer nascido no século 21.

5. Receita da vovó

No fim da história, não importa se você me manda vídeo fofo no WhatsApp, se você comenta que sou linda no Facebook, ou se você me liga pra tirar suas dúvidas sobre como destravar o celular. Só sei mesmo de uma coisa: não tem nada melhor do que estar com você lado a lado, conversando sobre a vida e comendo um delicioso bolinho caseiro. Não tem rede social ou smartphone que consiga o mesmo efeito.

Essa é um receita infalível da vovó.

É isso mãe, te amo. Digitalmente e analogicamente. 

(Fotografia de destaque via Shutterstock).
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