Um filme produzido debaixo d’água (sem respirar) pela mergulhadora que se tornou cineasta

02-05-18

Um filme produzido debaixo d’água (sem respirar) pela mergulhadora que se tornou cineasta

É possível produzir um material maravilhoso entre um fôlego e outro?

Antes de ler este artigo, pegue um cronômetro e veja quanto tempo você consegue ficar sem respirar. Se você conseguiu menos de 5 minutos, melhor conhecer Julie Gautier.

Julie é uma mergulhadora praticante de mergulho livre ( mergulho que conta só com a capacidade de ar do pulmão através de técnicas de apneia) nascida na França, filha de pescador. Julie faz muito mais do que “somente” mergulhar em grandes profundidades contando com seu próprio ar: ela é modelo, diretora de filmes e camerawoman (sim, o feminino de cameraman).

Junto com seu marido Guillaume Néry, praticante da mesma modalidade de mergulho, Julie dirigiu seu primeiro filme em 2010, chamado “Free Fall”, que com 13 milhões de visualizações deu a ela coragem de seguir adiante com sua carreira de diretora de filmes. A partir daí, Julie e Guillaume não pararam mais. NARCOSE, filme produzido em 2014, mostra um efeito de mesmo nome, que causa alucinações em mergulhadores, em grandes profundidades (no caso, Guillaume alcançou 125m). O vídeo reproduz as visões e sensações reais do mergulhador.

Seu último filme, AMA, se passa na piscina mais profunda do mundo (que tem 40 metros de profundidade) e mistura a leveza da dança com a agonia de querer chegar logo ao fim do filme pra vê-la respirar. O filme foi publicado no Dia Internacional das Mulheres (8 de março de 2018).

Guillaume Nery e Julie Gautier (fonte: Facebook)

Uma pequena resenha de Julie sobre AMA:

“Ama é um filme mudo. Conta uma história a qual todos podem interpretar de suas próprias maneiras, de acordo com suas experiências. Não existe imposição, somente sugestões. Eu quis compartilhar minha maior dor na vida com este filme. Para não ficar grosseiro, eu o cobri com graça. Para não ficar pesado, mergulhei-o na água. Dedico este filme a todas as mulheres do mundo.”

O curta conta com uma linda fotografia, e dá vontade de dar um “print” a cada cena.